Inconfessável n.1 engajamento — photoshop. [porque entre as confissões (em número de 3) e os inconfessáveis (número indeterminado) vai toda uma vida secreta, toda uma experiência insólita de museus e metrôs e monitores, todo um jogo de corpo entre trabalhos e fins de semana d’uma certa pesquisa em leituras e reflexos de um pensamento subterrâneo. mas é tudo tão lento, tudo tão longo]. statement político: tenho pensado em fotografia, uma reflexão fotográfica, do olho ao olho. não sobre fotografia, porque isso não me interessa de todo, todas essas coisas e lentes e ossos do oficio que se carrega consigo em caixas ou na jaqueta de repórter profissional. tenho, em fotografia, refletido como amador. em registros: de imagens, minhas, aí. que pudessem talvez fazer vibrar a reciprocidade visível do corpo e do mundo, de um lado ao outro da objetiva, no registro de uma coisa que tem em verdade, em fotografia, pouco de objetividade. são as imagens de uma crise da objetividade às que tenho tentado refletir por aí, portanto mais intuindo do que entendendo. crise que como tal, não pode ser reduzida à qualquer dado concreto que a tenha efetivamente déclanché. à simples contestação de reformas no sistema educativo francês, ou ao fato de E. ter saído de casa, sob o risco de não se levar à sério o que faz de uma crise uma crise, o estremecer do sentido, e o que aí, daí: o desabrochar de uma certa anarquia, d'um sentimento, da marca d'um não-saber absoluto nas ruas e nos cubos, absolutamente não teorizável como doutrina política. crise do tempo e do espaço do sentido assumida pessoalmente, como engajamento corporal.
05.03.09. Metrô cluny la Sorbonne: não tenho nada a declarar, sou um corpo contra o presente estado de coisas, intuição paradoxal da estrutura mesma da crise, de toda e qualquer crise, cultural, arquitetônica, econômica, social, política, filosófica, afetiva, todos esses nomes da mesma coisa. um certo movimento, um certo dada, um certo surrealismo, como falências do modelo do sentido. e não há qualquer acaso ou contradição exterior à própria lógica imposta pelas brechas da coisa, à essa intuição d'uma certa promiscuidade ontológica entre o meu desejo e o que acontece aí: E. estendido sobre a estrutura dialética da coisa, o chão sujo da estação: tese: não conheço, não sei o que é. antítese: conheço, sei o que é. síntese: conheço mas não sei mais o que é. porque é assim que corre a história do amor para mim: do trauma à trama.
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