no orkut, para todos:
20 de dezembro de 2008
16 de dezembro de 2008
12 de dezembro de 2008
4 dias sem sair de casa. números parciais:
160 páginas de texto atrasado rabiscadas à lápis, 0 trabalhos redigidos, 1 visita, 1 dvd assistido, 2 banhos, 3 dias de roupa molhada na máquina de lavar, 4 interlocutores no quesito mensagens de celular, 2 ligações recebidas, 22 recados no orkut, 3 chamadas internacionais no skype, 13 emails recebidos, 1 bouquet de flores perecendo ao lado da cama, 3 soirées desperdiçadas, 0 anotações no caderno preto 2008, 13 fotografias tiradas, variação de 5 graus celcius lá fora, 0 aqui dentro.
46 minutos para redigir esse post.
10 de dezembro de 2008
Do arquivo: porque a coisa-tempo rói, incha, infla, contrai, revolve, liga, comprime, distende, dura. enfim, diz o filósofo aí que é coisa contínua, e que por isso mesmo o passado se mostra presente, que todo o sentido do tempo se dá n'um agora-todo-o-tempo. e estou de acordo, só porque eu sinto, o tempo. sinto-o mesmo demais, roendo, inchando, inflando, contraindo, ligando, comprimindo, distendendo - o meu corpo, esfacelado nesse ano em que me queimam os olhos essa continuidade de filósofo, esse progresso, esse sans cesse, esse indéfiniment, essas palavras que não vejo em parte alguma, senão
ao que registro a coisa e penso que,
faz sentido dizer: il n'y a pas de registre, il n'y a pas de tiroir, il n'y a pas/
quando,
1. as coisas estão bem, obrigado, quando o sentido do tempo se conserva n'um presente 1907.
2. se pensa n'um sentido do tempo que se conserva sozinho.
mas e 68? e 2008? como ficam esses traumas? como fica a história quando a pressão do tempo faz implodir os relógios? quando o presente se estraçalha na sua frente? quando a memória descarrila? quando a conservação sai do automático e o registro tem de ser feito manualmente? quanto a mim, dezembro 08, já não sei que sentido: nem que memória é essa que não é trabalho de memória, quando ela perde o sentido, nem que história é essa que não é narrativa, quando ela perde o fio da prosa.
Quando se perde o sentido e se pede a memória.
(pode ser que um tal arquivo não se faça n'uma gaveta, nem n'uma nem em muitas,
eu, pensei n'um blogue).
7 de dezembro de 2008
5 de dezembro de 2008
3 de dezembro de 2008
adendo n.1: eu não esperava, eu não contava com isso, mas está aí, coisa de uns 40-50 minutos depois. quando me salta aos os olhos essa passagem, essa nota. é Derrida sobre a questão da história da metafísica como história do saber absoluto -- quando eu já não estava mais pensando ou querendo pensar:
"Dans l'ouverture de cette question, nous ne savons plus. Ce qui ne veut pas dire que nous ne savons rien, mais que nous sommes au-delà du savoir absolu (et de son système éthique, esthétique ou réligieux) vers ce à partir de quoi sa clôture s'annonce et se décide. Une telle question sera légitimement entendue comme ne voulant rien dire, comme n'appartenant plus au système du vouloir-dire". p. 115-6 de La Voix et le Phénomène.
- é a questão do sentido, ou do significado, como querer-dizer absoluto. e que me escapa aqui, agora e desde que eu posso dizer '2008'. é também para refletir com o tanto de força do anonimato da primeira sugestão "sentido de cu é rôla":
sim,
"e eu não sei o que significa" escrito há talvez uma hora, já significa alguma coisa, algum tempo depois, significa já - e no traumatismo do tempo, do tempo como questão - eu não sei mais, eu não sei o que quero-dizer. até dizer.
é um trauma, é a tinta da caneta que escreve borrando a folha, desfigurando o texto, é a ponta do lápis que desenha atravessando o papel, rasgando a linha, a espiral, o traço. é a desmesura da pressão do tempo sobre a mão que escreve que desenha, que em todo caso traça o sentido, em certo sentido. e que cede, e que mancha, e que marca os papéis e cadernos e folhas e documentos com essa marca, que não é senão a marca do próprio tempo. é um trauma temporal, 2008. 40 anos depois de 68. ano em que a coisa deixou de fazer sentido, deixou de ter nome, em que todos os desenho, textos e traços traçados até então se perderam n'algum buraco e nunca mais.
ano em que o sentido do tempo, a direção histórica, deixou a figura do abstrato para se fazer sentir, como trauma no corpo.
2008 é meu 68, é o tempo passando em mim, por mim, na quase juventude de quase 23 anos do meu corpo. e eu não sei o que significa.
2 de dezembro de 2008
porque isso se move, esse traço esse traçado esse trait d'union: - como ligadura flexível, flexora, como unidade de compressão e distensão do tempo, de seu movimento espiralado de não há futuro sem passado e não há passado sem futuro nessa única marca que passa por vezes desapercebida.
isso
-
que se move, arrastando em seu traçado a duração de 40 anos d'uma certa história, entre esse antes e esse agora, entre 68 e 08,
isso
-
que não é nem antes nem agora nem depois, mas entre tempo, entre tempos, união flexível tal qual uma mola, imprimindo n'um a marca d'outro, fazendo queimar em seu coice a proximidade e a distância nas peles respectivas,
isso
-
não é só um traço de união na diferença. porque não é um traço, seja ele linha reta ou espiral. porque não é um desenho. mas a possibilidade do desenho.
é um trauma, temporal.
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