2 de dezembro de 2009

variação nº2. suponhamos que seja o final de uma festa, no terraço de um amigo. as pessoas já foram embora [mesma noite, o mesmo céu ?] deixaram latas de cerveja pela metade em roda da piscina pespontada de verdes e azuis. ok, vamos tentar assim então : descrição. a suposta câmera, num primeiro momento, projetaria o foco sobre as coisas : os ladrilhos, as latas, a piscina, as plantas, a grande mesa de centro, as poças de vinho, os tantos cinzeiros, o violão, os tatames, as espreguiçadeiras, os bancos e as cadeiras... para que então mais tarde naquela mesma noite, e somente então, pudesse ela pensar em abrir a si mesma em projeção, em abrir o seu próprio campo, para muito além destas coisas visíveis. daria assim a maquina a ver àqueles olhos planos da juventude carioca essa profundidade inesperada de 2008,


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Ismar,

a arquitetura ? isto é, você teria à época visto esse entorno invisível das coisas e dos corpos, que é feito de céu em estrias alaranjadas, de paredes ásperas, e de um piso claro cor de terra ? - eu tampouco, sabe ! - mas é que me parece mais claro hoje, um ano depois : que o espaço e o aberto já seriam tão vastos aquela hora, e a lente tão larga, que já não poderíamos mais saber, nem eu nem você ou Felipe, se aqueles sons, lentos, distantes, lunares, que nos amanheciam, vinham de cima ou dos pássaros, pintados de um preto profundo pela Mariana, sobre aquele pano estirado no chão da cobertura de Ipanema.

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