22 de dezembro de 2009

captura da ação : começamos [os três, Ismar, Felipe e eu] a colocar as latas e garrafas e pratinhos de plástico em enormes sacos de lixo, vamos de um lado para o outro mas a música não nos deixa, neste segundo nós somos o oficial nazista Brüll, cheios dessa música que, sem ele, sem sua ajuda, jamais teria visto a luz do dia. descemos as escadas, atravessamos a sala de jantar, o elevador e a portaria.

e a rua que segue, o prédio que segue, mas a verdade é que sem o oficial nazista não haveria nada desse amor, Jesus talvez não fosse imortal. você sabe disso : foi Brüll quem conseguiu as partituras, o lápis, a borracha – e a caserna vazia para que Messiaen pudesse compor em paz. é a vida que segue, em 24 de julho do mesmo ano, nós sabemos, no Theatre des Mathurins em Paris [première "officielle" du Quatuor, en présence du compositeur, libéré par le nazi], e nas casas de boa família, em 2009, dobrando a Rua Nascimento Silva, esquina com Maria Quitéria.

e a música, as cores, o carro, o trânsito, a câmera.

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