12 de junho de 2009

Inconfessável n.1 o engajamento — photomaton [pela existência palpável d’uma relação aberta, ainda que oblíqua. é a terceira e ultima parte d’um jogo de corpo, que de tão lento mal se pode notar, eu sei, d’uma reflexão fotográfica panasonic photoshop photomaton começado pelas bandas de março e encerrada aqui : eis porque é e era tudo tão lento, tudo tão longo : porque era para você desde o início, porque a questão da transparência e da opacidade, da reflexão e da relação é, antes de tudo, a nossa — em tempo : para seu dia de anos].

pai, minhas mãos estão cheirando à pólvora [bam!], você entra n’um trem [o dinamismo da máquina], música, os aliados desembarcam na Normandia [les civils pris au piège des offensives et du feu aveugle des escadrilles B17], sirenes zunem pela cidade até a place Saint Michel [tiros, mortos, gritos], policiais e estudantes entram em choque na Saint-Jacques [grève, barricades, 68’], o silêncio, o meu corpo cambaleia n’um fim de tarde ainda fria de fevereiro rue Saint Martin [les frissons personnels sont ridicules], uma nova corrida atômica se arma a leste [o medo, o frio], os jornais abrem mão da imparcialidade e interpretam [transfert, miracle, ange exterminateur] — é escandaloso! — o homem pisa na lua na televisão [e o cinema americano informará], músicos tocam na rua adjacente ao Beaubourg [jazz, clarineta, acordeom], o silêncio, tudo para n’uma sala de aula da Sorbonne [os alunos, uma pedra], os olhos se abrem em sala de museu em Londres [os anus as bocetas os seios os tempos e as partes], Israel humilha em 6 dias os países vizinhos no Oriente Médio [a política de rupturas] as testemunhas contradizem-se em depoimentos à mídia [roteiros, cenário, traição, crime passional], você está no Rio de Janeiro [o luto, as coberturas de Ipanema], e eu sozinho no mundo em Saint Fargeau [à l’origine de tout, la Peur].

ici la guerre a eu lieu [a fumaça, as lágrimas, o vento] ? dedans, vois-tu ? as mãos cheirando à pólvora e os os olhos irritados [c’est donc hors du champ de vision qu’a lieu le premier homicide de cette intrigue implacable], me vois-tu ? [pleurer ?] isso, pai, essa pergunta, esse peso, esse pesar, era só para te dizer que não ! eu não vejo grande coisa ou sentido nessa coisa toda [ou por entre estes corpos caindo todos como coisas ao chão ao meu redor], pra te dizer finalmente não ! eu não vejo as coisas claras [você sabe], mas não obstante, pai, os olhos, eles estão bem abertos : ? ora, justo sobre onde, ontem, estas mesmas pálpebras, então adolescentes [2008], tombavam sob o peso do livro que você me deixou no bolso em Gare du Nord [Nadja],

mais precisamente sobre a página 109 aberta : je redoute plus que jamais sa disparition

[você entra n’um trem].

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