4 de abril de 2009

E->P.1 [posição corporal — leitura]. pai, você veio e me trouxe Nadja d’André Breton – édition entièrement revue par l’auteur en 62’. lembra? como não? não lembra que te pedi, alguns dias antes de você vir para Paris, para passar lá em Ipanema, na casa da minha mãe onde, suponho, não passava há um bom tempo, só para pegar esse livro na minha antiga biblioteca? porque me ocorreu, como que do nada, que seria interessante reler, só para ver como o tempo passa de 2003 à 2009. então você veio, trouxe e foi embora. e agora, coisa de um mês ou mais desde sua partida, eu estou vendo o tempo, todo dia algumas páginas de tempo na duração do trajeto Porte des LilasChâtelet e ChâteletPorte des Lilas. mas muito muito mais tempo que esse 25 minutos ou 35 dias, alguma coisa no próprio livro me dizendo coisas sobre o tempo. e o que você me diria, pai, se n’um movimento nitidamente anacrônico, e a partir de certas indicações próprias à lógica do livro em mãos, agora, eu quisesse inverter as coisas e dar a entender que você só veio a Paris para me trazer esse livro? porque compreendeu que toda a história da nossa família depende disso? e se eu te fizesse ter lido Nadja em 68' ao invés de Marcuse? faria sentindo? ou não? 

3 comentários:

no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. disse...

e se seu pai tivesse te colocado pra ouvir um funk em 1995?
daria no quê?

Daniel Jablonski disse...

meu pai concorda em gênero número e grau com sua colocação, ana.

no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. disse...

obrigada, monsieur jablonski le père.