17 de março de 2009

descrição n.2 14.03.09 café do Centre G. Pompidou. uma mulher / sentada no mesmo lugar onde eu escrevera ontem sobre a arquitetura do desejo / repousa a mão sobre um livro de capa dura / lê-se em letras brancas de cabeça para baixo / McCarthy / ela tem traços e língua do leste / seus quarenta anos cabelos castanho-escuros / franja / e duas crianças de mesma língua que chegam com cafés / com calma / ela guarda o livro na bolsa / como se nada / como se se tratasse afinal d’um livro nas mãos / não de tempo nem de espaço / não de uma arquitetura / não / os anus as bocetas os seios os tempos e as partes daquelas coisas vivas como mortas como cores sobrepostas todas elas aí n’uma sala de arquitetura movente / guardadas naquela bolsa / abrindo o espaço como tempo da dilatação de imagens e murmúrios de desejo / se reculant se rapprochant encore / guardados na bolsa / na estrutura dimensional aberta em profundidade pelo raio da obra / que nos faz levantar  como um despertador o sol o beijo o seixo atirado como um tapa/ é constrangedor [time trap diz P.] / parce qu’en architecture vous voyez il faut circuler / les yeux la tête le corps non pas autour mais au long de ce qui n’est pas un objet mais un lieu [une chose comme lieu dit Martin. H.] / de double mouvance puisqu' / é preciso circular / porque a sala ela mesma não faz senão / contrair e relaxar no mesmo ritmo improvável daquele sem número de orifícios ensangüentados pulsando pelos meus olhos mais abertos nos feixes irregulares dos projéteis nas cores primárias e violentas daquelas verdades marcadas em movimento sobre um corpo no tempo projetadas ainda sobre / mim / é à tudo isso que se guarda numa bolsa / uma mãe / com a calma de quem guarda um livro / essa coisa sem tempo nem espaço / com a calma de quem recebe suas crianças no centro de arte moderna e contemporânea agora vazio do Centre G. Pompidou.  

10 comentários:

Anônimo disse...

vai tomar no cu

Daniel Jablonski disse...

não tem sido facil, sabe? todo dia um pouco. agora são 05:17 da manha e eu estou muito muito triste.

Anônimo disse...

aceitar o afeto que se tem a dar e receber costuma facilitar muito as coisas. todas elas. incluindo as tristezas e madrugadas.

Anônimo disse...

i have some little things to say:
i like how you think of architecture as a sexual trauma. or of a sexual trauma as an architecture problem. it's all in the same frame.

Daniel Jablonski disse...

obrigado por estar ai, mais intuindo que entendendo mesmo quando visibilidade é muito muito baixa.

Sir paul McCarthy disse...

though I speak really good portuguese, i may not get your visibility point. Is it also in the same frame? isn`t it all in the same frame? Mister Jablonsky, try to put some permormativity in your life.

Daniel Jablonski disse...

eu tentaria, mas meu inglês é bem ruim. o que é permormativity?

Sir Paul McCarthy disse...

sorry, typing problems. must be my daslexia. performativity.

Daniel Jablonski disse...

achei que tinha que ver com pormenores...

Sir Paul McCarthy disse...

leave the pormenores to another chat.
you know mister jablonski, it gets really hard to talk to you sometimes.
but i still love your provocations.
cheers!