30 de outubro de 2009

mitema número 1.

o cordão de intempéries

suponhamos que os avós de meu amigo tenham sido igualmente enviados a Görlitz em fins de 1939, após a ofensiva de Setembro, talvez no ano seguinte. [romance inacabado Juvenília. item 10]. ok Ismar, vamos tentar assim : o foco narrativo numa Polônia recém invadida, há 60 anos atrás, os meus avós paternos, Cecília e Pinchas Apelbaum, ainda acompanhados de sua filha, que não sobreviveria às intempéries (suas filhas ?). c’est octobre : a jovem família de nacionalidade judia, encontra-se internada em Görlitz, até a data de sua próxima realocação, em junho de 1940, para outros campos de concentração. [eles não sabem : avô, Mauthausen-Gusen, 8° 15′ 32″ N, 14° 30′ 4″, cerca de 20 km cidade de Linz; avó e filha(s), Auschwitz II - Birkenau, 50° 2′ 9″ N, 19° 10′ 42″, 45 minutos por ônibus de Cracóvia]. suponhamos isso então, mas à condição de levar as coisas à sério, de ir, senão até o fim, até o oitavo e ultimo andamento do Quatuor pour la fin des temps, de Olivier Messiaen.


[então, o que me diz ? isso é passível de linguagem ?]

3. e, usando o fabuloso método das correspondências mágicas, pensou nisso :
2. foi então que percebeu tratar-se de nada mais nada menos do que um presságio dizendo-lhe que era tempo de responder a pergunta que lhe havia engasgado a caixa de correio alguns dias atrás :

Daniel,

não é palpável, mas o mais próximo a que se pode chegar?

28 de outubro de 2009

1. ou de quando Daniel estava na livraria do beaubourg e encontrou (como sempre) por acaso o livro De la survivance de certains mythes et de quelques autres mythes en croissance ou en formation - mise en scène dAndré Breton, tendo adquirido-o em promoção por 6 euros. e é de onde lê-se : « Dès le retour à ce qu’on appelle l’existence normale, ce qui sera a balayer de projecteurs, puis à entreprendre résolument d’assainir, c’est cette immense et sombre région du soi [du « ça »] où s’enflent démesurément les mythes en même temps que se forment les guerres ».

22 de outubro de 2009

01:49 sms. Nadja. "La limite de l'amour c'est qu'il faut toujours un complice - dit le Président de [la république de] Salò après avoir laissé une jeune fille pisser sur son visage".
[ah, bon ? la voilà notre limite ? pas sûr. j'ignore si t'as lu ce que je viens d'écrire il y a 5 minutes, mais Pasolini a bien été assassiné, lui aussi. c'est même toi qui avait attiré mon attention envers la description sadiquement détaillé de l'étât de son corps mutilé, là sur ton livre. et c'était pas beau].

ERRATUM MUSICAL. un jour, un seul jour, c’est juste fermer les yeux et les rouvrir, et puis, tout à coup, tout est à l’envers. [11 graus Celsius em Paris] voilà, c’est le lendemain du discours. et les mots semblent déjà déplacés, vieillis, vieillots. refroidis. ils semblent hors ! de question. hors ! de temps et de propos. juste hors. tudo o que pudemos dizer em um mês, ninguém ficou ferido, em um só dia. e agora, un jour, un autre, comme tous les autres, un seul jour, un orage, et les oiseaux s’envolent. des arbres tiennent debout, d’autres tombent. c’est pareil pour les villes, c’est pareil pour les hommes. — mais quel est la limite, quelle est la limite, Daniel ? [21 de abril de 2009] bam ? qual é essa linha de passagem do signo, esse hors ! que se impõe à língua como o limite do sofrimento, do insuportável do discurso: como dizer a dor ? - o insuportável como indescritível - a dor que se pode causar a um outro ?é com você mesmo Daniel, qual o limite ? do aparelho e da língua ? do amor e da violência ? da loucura da arma do punho e da garganta contra o corpo só ? eu não sei, eu não sei ! mais un jour, um dia, como os outros, en un seul jour, tout le temps et les hommes et les oiseaux, tout et tous, se retrouvent seuls. c'est octobre. « Quant à moi, écrivait à son fils un Cézanne mourrant, je dois rester seul, la roublardise des gens est telle que jamais je ne pourrai m’en sortir, c’est le vol, la suffisance, l’infatuation, le viol, la mainmise sur votre production, et pourtant la nature est très belle » [28 de septembre 1906].

para Luiza, com carinho.

21 de outubro de 2009

em razão do temporal desta quinta-feira (15), que atingiu Belo Horizonte e a região metropolitana acompanhado de raios e ventos de 80 km, o Corpo de Bombeiros registrou 47 ocorrências de quedas de árvores. [os pássaros, o homem, as cidades]. conforme a corporação, apesar do número expressivo, ninguém se feriu.

outubro não é o fim do mundo.