e foi com ares de extra ! extra ! parem as rotativas, esqueçam os mortos nas favelas, os lesados no asfalto, a sem-vergonhice da administração publica e a indiferença dos intelectuais ! que a coisa toda circulou num Rio de Janeiro de 2008. e foi assim que, um dia antes de partir à Paraty [Lucía, eu parto, etc.] encontrar Felipe [vamos sim, nos vemos lá.] para rever as coisas à meio caminho Rio – São Paulo, a coisa chegou a mim, acompanhada de um sorriso conivente de chopp do baixo-gávea :
Gregório : — você avacalhou, hein, cara ? traiu sua namorada [Luiza] e saiu às escondidas com a melhor amiga dela [Lucía] !
— é ?
8 comentários:
acabo de ler essa merda e tentei te ligar. umas tres ou quatro vezes. talvez cinco. e vc nao atendeu.
então foda-se. foda-se tudo. fodam-se todos.
porque faz mais de um ano que eu engulo toda essa babaquice. e eu nao sei aonde vc quer chegar. se é ironia, se é arrependimento. Nao me interessa mais.
porque eu sofri essa merda sozinha aqui no rio. quando voce disse que me amava e que bancaria o que fosse pra ficar do meu lado. pq vc me pediu em namoro e disse que nao me abandonaria e que me protegeria e que eu devia te proteger tambem. e depois virou as costas e, como um covarde, como mais um covarde, saiu fora e de certa forma entendeu essa situação ridicula.
da-me vergonha, juro-te, vergonha, ver que a galera descolada, estudada, cool, interessante do rio é essa merda. essa corja de falsos moralistas, de recalcados. de repente todos viraram catolicos?
traiu sua namorada? que porra é essa? voce e a luiza nao namoravam ha um ano. eu e a mariana nao namoravamos ha um ano e meio. eu nao era a melhor amiga da luiza. eu era muito amiga da luiza subitamente. porque amava a luiza e ainda amo. era tambem muito sua amiga. e podia ter me envolvido com ela e nao contigo. as pessoas se apaixonam, o rio é um balneario e nós sabemos disso.
o que aconteceu aqui, foi claramente uma historia de amor. uma historia de libertação. que os reprimidos de plantão nao engoliram. pq inveja é mesmo coisa forte.
sabe o que mais, daniel? se houve namorados traidos fomos nós. eu fui traida e voce foi traido. pelo teu medo, pelo meu medo. nós traimos nosso amor.
Eu peço desculpas à luiza, mais uma vez. nao por ter te amado, mas pelo azar, que nao se pode controlar, eu sei. e digo novamente: eu podia ter me apaixonado por ela. é tudo uma questao de azar.
Faz mais de um ano que eu quero mandar todos irem pra puta que pariu. que se enxerguem. que se libertem, que dêem a bunda (aos que nao deram) e que deem mais verdadeiramente (aos que ja o fazem). que enfiem seus proprios dedos nos proprios anus. e nao me matem de vergonha. e nao se matem de tedio e de pudor.
Ismar, vai tomar no cu.
Mariana, vai tomar no cu.
Luiza, vai tomar no cu.
Marianna, vai tomar no cu.
Daniel, vai tomar no cu.
Mari, querida, eu te entendo e nao te entendo. e fiquei muito feliz por termos conseguido retomar alguma coisa do nosso. te amo tambem.
desculpe se o texto é ruim. é que vomito nem sempre fica muito bonito ou coerente.
ah, e gregorio, faltou-me dizer tambem, vai tomar no cu.
caralho.
bizarro
Querida vulcânica Lucia,
Você não entende, não entendeu e não entendera. Moralismo, minha querida?
É que, no teu não-entender, o que menos entende é a amar. Talvez entenda o que seja amor, o nome, a sonoridade, o pulso, mas no amar te perdes inteira, não sabe quem, quando, onde. Porque não sabe ninguém – e, não sei se é moralismo ou pretensão, mas penso que o amor deveria se endereçar a alguém, e não seria então simples amor, mas amar. E se amar é amar, não é esse jorrar de larvas de um vulcão interno, esse fluxo interior de todos os devarios do teu egoismo, se amar é amar, ele é sobretudo o que faz abrir-se, e o que faz ver. O que vê a pessoa amada na sua relação com o mundo, amigos, amantes, familia, casa – o que vê tanto mais e nesse ver mesmo se expande. E não esse arrancar e apoderar-se solitario, que goza de zombar por detraz, que vive do que é torto e vil, porque ali se sente bem; na traição reclusa, pequena, nas suas risadas abafadas de narcisismo. Porque não teve coragem (e, minha querida, não ouse dizer que foi pra me poupar), não teve coragem, na verdade, não teve interesse – gosto, prazer -, em afirmar-se nesse mundo. Em afirmar-se no aberto e assim reconfigurar essa teia de relações, e que doa a quem doer. Porque o prazer foi o prazer de ludibriar, do olhar furtivo nas despedidas e rodas de amigos, em palavras que insinuam sem confessar, em elogiar o meu novo corte de cabelo, passar os teus dedos de amante privilegiada nos meus cabelos perplexos na frente do Daniel, e perguntar a ele se não via como era bonito. Esse, e mais tantos detalhes torpes que são os sinais do teu grande amor e a razão do meu maior desgosto.
ah, e eu e o Daniel não namoravamos ha um ano? que porra é essa digo eu. você mais do que ninguém sabe que não é verdade.
repito: VOCE MAIS DO QUE NINGUEM SABE QUE NAO E VERDADE.
Eis o meu desabafo, que, agora, na forma de palavra, me causa certo arrependimento e alguma tristeza. E que, se por um lado me parece exagerado na violencia do que disse, por outro, nao e um milesimo do que poderia dizer e dessa magoa que finalmente me sai, senao pela boca, ao menos pelos dedos ageis no teclado. Mas sao sobretudo, sentimentos e impressoes, e como voce disse, o vomito nem sempre e bonito de se ver, e’ parcial e por isso mesmo necessario.
Vive linsouciance e o ano novo de 2010.
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